Há vida depois dos 30. Foi o que ouvi no auge dos meus 20 anos. E é o que costumo repetir quando ouço moças desesperadas e lamentosas porque estão chegando aos 30 e começam a lastimar o aniversário próximo como se fosse a virada do Cabo das Tormentas. Não é, garanto. E posso dizer que acreditei neste sábio conselho e tratei de aproveitar e levar comigo desde então. Foi a melhor coisa que eu fiz.

Hoje chego aos 50, com extrema felicidade. Porque aprendi que contar aniversários não é envelhecer. Só envelhecemos quando deixamos este processo do passar dos anos apenas por conta do tempo, e não fazemos a nossa parte. Mas, se nos colocamos em ação para fazermos manifestar todo o nosso potencial, tudo que está em nossa essência, simplesmente amadurecemos. Amadurecemos quando fazemos desabrochar tudo que trazemos dentro de nós, permitindo que o que está em potência deixe de ser uma simples possibilidade e se transforme em realidade.

Chego aos 50 exercitando ao máximo minha gratidão por tudo que vivi, por todas as experiências que vivenciei, pelas conquistas que obtive, pelas alegrias e por tudo que foi motivo de comemoração na minha vida e também pelas perdas e  tristezas que me fizeram mais forte, pelas inúmeras vezes que tive que perseverar para não desistir e por ser uma mulher de recomeços que tem a coragem de encarar destemidamente os ciclos que se encerram, porque são apenas o início de outros.

Chego aos 50, sendo grata pelo casamento que tive e que acabou 19 anos depois, mas deu certo, sim, porque me presenteou com dois filhos maravilhosos, que me fizeram e me fazem praticar diariamente o ofício de ser mãe, errando muitas vezes por excesso de zelo e por exagerar nas cobranças (acho que já melhorei um pouco nisso), mas sempre com um amor incondicional transbordante. Dois filhos que me ensinaram e continuam a me ensinar a curtir cada etapa de suas vidas (e eu sempre gosto mais da atual, sem qualquer vestígio de nostalgia do passado) e que me enchem de orgulho por serem o que são e me dão a certeza de que, por mais que voem buscando seus caminhos, sabem onde estão suas raízes.

Chego aos 50, profundamente agradecida por ter tido uma profissão no jornalismo, que me fez vivenciar tantos desafios e conhecer e conviver com tanta gente interessante, mas que acabou me deixando depois de tantas tentativas infrutíferas para retomar minha carreira. Chego aos 50, com uma nova profissão, agora no coaching, onde venho trabalhando com pessoas, gerando transformação e fazendo diferença na vida delas, o que me realiza imensamente.

Chego aos 50, acompanhada de uma família sólida, meu pai e minha mãe, que me possibilitaram estar aqui e são um exemplo para mim de ética e caráter, duas irmãs companheiras que estão presentes sempre que o bicho pega e sobrinhos carinhosos, além de familiares que me querem bem.

Chego aos 50, cercada de amigos, gente de boa energia que torce por mim e que venho encontrando ao longo da vida e com quem venho alimentando a minha alma. Alguns com mais frequência, mais amiúde, outros de quando em vez. Uns mais próximos, outros mais virtuais. Em todos, em comum, o bem querer mútuo e com energizantes trocas afetivas.

Chego aos 50, sendo uma pessoa abençoada por sentir Deus sempre presente em todos os momentos da minha vida.

Enfim, chego aos 50, sabendo que é só o início de uma nova idade na minha vida, uma nova oportunidade de continuar fazendo a escolha de ser feliz. Uma FELIZIDADE nova. Porque, assim como há vida depois dos 30, dos 40, eu sei, há vida depois dos 50. E muita.

Daniella Wagner